Foto: João Oliveira |
As 06h00 compramos bilhetes na agencia que fica na rodoviária, para pegar o Catamarã das 8h00.
05/04/2014 – Vila Abraão => Bananal
Chegando na Vila de Abraão, deixamos alguns pertences pessoais que não levaríamos no Trekking, na Pousada que iriamos dormir ao nosso retorno (Pousada Mae Natureza – na rua da Assembléia).
Tomamos um café e partimos direto para o trekking, começando pela Trilha T1.
(Detalhe que constatamos posteriormente:)
Nós passamos a noite toda viajando. Minha amiga até dorme no Bus, mas eu tenho dificuldade de dormir com veículos em movimento.
Isso me manteve acordado parte da viagem, ansioso por um tempo, e, quando iniciamos o trekking do primeiro dia, a fadiga e cansaço da viagem caminhava conosco. O que não ocorreu nas outras noites seguintes, em que dormimos muito bem.
Então decidimos ali mesmo o óbvio: Antes de qualquer viagem desse porte, partiremos com um dia de antecedência, dormiremos na cidade que faremos a atividade, só então iniciaremos nossa atividades.
Isso funcionou muito bem na primeira noite no Bananal, na segunda noite em Provetá, e na terceira e última noite, apesar de ser camping, em Parnaioca, dormimos muito bem, no Camping do Sr Sílvio.
Quanto ao trekking do primeiro dia até o Bananal, é um trekking tranquilo, com algumas subidas puxadas no começo, mas que vai de boa até Bananal, passando pelas vilas e arredores, beirando o mar quase sempre.
Fomos até a praia da Feiticeira, conhecemos a praia, mas, nosso proposito era o trekking, então não nos banhamos nem nesta, como em nenhuma parte do trekking até chegarmos em Abraão novamente. Queríamos evitar o sal, o relaxamento, e evitar principal entre assaduras , etc ... ainda que em algumas praias tivesses bicas dágua. O fato de ter que tirar botas, meias, calças, camisas, não nos atraia.
Minha dica é manter esta ótica. Se vai pra trilha, faz a trilha, se vai pra praia pra se banhar, ótimo, aí relaxa e aproveita. Isso otimizou muito nosso tempo, que era contado. Tínhamos até dia 8 para finalizar, quando muito no dia 9 se algum contratempo aparecesse.
Passamos pelos vilarejos da Freguesia de Santana, Japariz, entre outros, e é muito interessante ver o modo de vida das pessoas nesses locais. Quase sempre desinteressados com o que ocorre ao redor. O mundo parece se resumir a uma tapera, ou um bar cheio de coisas que eu nunca compraria, mas, foi legal de ver.
Não desviamos para lagoa azul, pois tínhamos programado para evitar percursos que não fosse a volta em si, que tivéssemos que ir e voltar pelo mesmo lugar. Até desviamos, como foi o caso da Feiticeira, mas queríamos evitar isso. Então estava planejado não tomar banho de mar durante o trekking, nem desviar da trilha principal que era o percurso da volta.
Entretanto, abrindo um parêntese, apenas para esclarecer, essa viagem foi programada a mais de um mês de antecedência, e, como não sou um bom trekker ainda, havia a concordância mutua de que nossa viagem/propósito poderia mudar a qualquer momento que achássemos conveniente. Não estávamos obrigados a fazer a volta, e, se em algum momento eu não quisesse mais seguir, pegaríamos um barco e retornaríamos sem qualquer remorso ou constrangimento. (minha amiga já havia feito a volta duas vezes, estava na terceira empreitada).
Dito isso, nossa viagem ficou muito mais prazerosa, pois a cada cidade que deixávamos para trás, nos dava força para seguir adiante, num passo de cada vez.
Chegamos ao Bananal numa trilha extensa demais, cansativa, mas sinalizada, terra boa de se caminhar, sem muitos contratempos. Claro, subidas descidas aos montes, mas chegamos no Bananalzinho, onde descansamos por meia hora, depois seguimos para a casa do Sr Jorge, que tem um bar, numa das vielas, na parte alta do morro.
Muito hospitaleiro, logo lembrou da minha amiga que já tivera por duas vezes em sua casa, nos preparou uma comida boa, nos disponibilizou seu próprio quarto (como faz sempre com qualquer hospede que chega por lá), e tomamos o banho gelado mais bem vindo do dia.
O lugar é um Bar , chamado Bardeck, tem umas plaquinhas no acesso, e o dono é conhecido como Jorge Barbudo. Recomendo a estada lá, mas, deixando claro que a opção é sempre do viajante, se encontrar outras opções e preferir, ok.
Foto: João Oliveira |
Acordamos pelas 6h00, preparamos nosso café, que já levamos comprado de São Paulo, com uma serie de cereais, vitaminicos e energéticos tais como açaí, leite em pó, castanha, banana passa, nozes, tamara, guaraná em pó, pão sírio, amendocrem, etc ... enfim nossa refeição matinal se resumia a isso.
A segunda parte já ficou um pouquinho difícil pra mim, pois teríamos que chegar até Provetá ao final do dia, e, não estávamos dispostos a chegar tarde por lá. Apesar de levarmos lanterna, nossa viagem foi programada para dormirmos sempre em locais pré determinados (Bananal, Provetá e Parnaioca), então, não levamos barracas.
O trecho difícil pra mim foi sair do Sitio forte para praia Longa, onde a trilha tem subidas boas, e é longa demais, parece que não vai chegar nunca numa parada, e, mantínhamos um ritimo bom, que não cansava muito, mas não permitia paradas longas. O corpo esfriando quase sempre atrapalhava o recomeço (no meu caso).
[dica]
Chegamos bem na praia longa, e decidimos deixar nossas mochilas num bar no meio do vilarejo, e fui conhecer a lagoa verde.
Foi uma trilhazinha de 40 minutos, rápida, tudo perfeito, se não tivéssemos errado o caminho da volta, e, acabamos caindo da trilha que faz Praia Longa X Araçatiba, que seria nosso próximo percurso.
Se tivéssemos com nossas mochilas nas costas, seria ótimo, era só seguir para Araçatiba, mas, não , infelizmente tivemos que pegar sentido Praia Longa, pelo trecho mais longo, e vimos o que iriamos enfrentar, dessa vez com a mochila nas costas.
Um trecho íngreme, que nos roubou uns 50 minutos pelo menos. Se tivéssemos acertado a trilha de volta da lagoa verde, já teríamos subido uma única vez aquela subida, e estaríamos chegando em Araçatiba.
Minha dica neste caso, já pensando numa segunda vez que estiver por la, é: Não pego a trilha que vai direto pra lagoa verde, e sim que vai pra Araçatiba, e, na bifurcação que aponta a lagoa verde, encontro um lugar pra deixar as mochilas “escondidas”, e vou pra lagoa de boa, voltaríamos pegamos a mochilas e seguimos viagem.
Este pequeno contratempo nos deixou um pouco nervosos, pois ainda teríamos que seguir até Provetá. Era muita distancia, pra gente perder tempo de graça assim.
Mas, seguimos, trilha, como falei , íngreme, mas boa de se caminhar.
Em Araçatiba, eu já estava cansado, então precisei de 10 minutos pra me recompor.
Seguimos lentamente contemplando a praia, até chegar o inicio da trilha pra Provetá.
Como descrevi no inicio, não estávamos dispostos a desviar do percurso da volta, então não fomos sentido praia Vermelha. Nosso tempo nem nos permitiria isso, a não ser que mudássemos a estratégia, o que não estava nos nossos planos.
De Araçatiba pra provetá, o inicio da trilha é tenso. Bom pra quem é bom de perna, pois a subida é animal.
Com bastante agua, mascando umas balas de goma, tomando guaracan, consegui chegar ao topo da montanha, e começamos nossa descida até Provetá, num ritmo médio. A descida força um pouco os joelhos, mas, nada assustador.
Eu com um bastão só, juro que senti falta, tanto na subida como descida, de mais um. Cai algumas vezes, e, o bastão me ajudou muito.
Minha dica: um bastão: essencial, indispensável. Dois bastões: um peso que vai lhe valer a pena carregar. Nenhum bastão: pra quem usa asas, ok.
No mirante do Provetá, ainda com sol indo embora, descansamos mais uns 20 minutos. Chegamos na cidade direto para a casa que nos acolheria. (não sei o nome da dona, mas, bem formal, fica na rua da Assembleia, um quarto bom, com chuveiro quente ventilador, camas separadas, ótimo, preço bom) R$30,00 a pernoite.
Tomamos nosso tão esperado banho, andamos na praia um pouco, já noite. Comemos alguns salgados na cantina da igreja e na lanchonete da praça. Vimos algumas pessoas, foi legal. Mas, dormir era preciso, e, fizemos isso la pelas 20h30.
De manha, tomamos nosso café de praxe (confesso que meu composto de cereais que levei já não descia tão deliciosamente bem, mas me dava uma energia boa, então era preciso toma-lo todo). Mas inventaram o amendocrem, que alivio.
Lagoa verde, vista para o lado oposto da ilha, para onde partiríamos. |
Chegada a Proveta. Vcs vêem uma cidade, ... eu neste momento só via tres coisas: 1- chuveiro, 2 - comida, 3 - cama. |
07/04/2014 – Provetá => Parnaióca.
Passamos pela padaria para tomar um café preto, pra rebater nosso composto, e, iniciamos a trilha rumo Aventureiros.
Mais uma subida logo de cara, pra acordar mesmo. Pra tirar de você toda força que ficou no colchão.
Depois de muito caminhar subindo, nos aliviamos no topo, ligamos nossos celulares, já que a plaquinha indicava que teríamos sinal, nos distraímos um pouco, (esqueci a porra da subida que tinha encarado), e, rumamos pra Aventureiros.
A chegada na praia é um convite irresistível. O banco embaixo da sombra de arvore, com o mar de frente me parecia muito aprazível naquele momento. Ali fiquei por mais 10 minutos, enquanto minha amiga seguia pro lado direito da praia, onde tem os mirantes e a famosa palmeira.
Foi um momento muito legal contemplar tanta beleza num só lugar.
Eu até preferia nem subir no mirante, já que queria economizar energia. Dali já víamos a encrenca do outro lado da praia, onde rumaríamos. Já avistávamos as praias do Sul e Leste, que teríamos que desbravar.
No mirante, depois de subir, eu curti muito. Adoro visão do mar, mais ampla, pra mim foi um prato cheio.
Ficamos ali por 50 minutos aproximadamente. E. partimos pro Costao do Dema, outra maravilha, a ser conhecida por mim. Admirei demais este lugar.
Atentem-se as placas de sinalizações (...) ...
Atravessar as praias do Sul e do Leste é um misto de medo, prazer, sufoco, fadiga naquela areia fofa e quente, num lugar sem sombras. Me senti no Saara, apesar de nunca ter ido la.
Encontramos 4 gringos, que depois viriamos a saber, que estavam caminhando sem destino e tinham repousado no camping, em Parnaioca, o mesmo em que atracaríamos nossas mochilas.
Conversamos por um minuto sem nos entender muito, e seguimos adiante.
[dica]
No final da praia do Leste, a entrada para o mangue, agora é debaixo da arvore na ponta da praia.
Digo isso, pois minha amiga conhecia outro caminho que tomara nos anos anteriores, e, que já não se usa mais. Ficava a uns 50 metros antes da praia.
Agora está mais fácil, eu diria. Uma vez que vc chega com as línguas de fora, e quer a sombra da arvore pra descansar, basta olhar pra trás e ver a trilhazinha que da no mangue.
Atravessar o mangue foi tranquilo, agua no joelho, sem maiores problemas.
Eu tinha um par de meias reserva, e, por isso, não me importei em molhar a que estava usando, depois troca-la imediatamente após a passagem. Assim o fiz.
A praia do Sul da uma canseirinha também, mas, vai de boa. Com um bom boné (chapéu) ((respirável)), você caminha bem e chega logo no final da praia. (esse trecho todo (praia do leste, mangue, praia do Sul) durou exatos duas horas).
Logo seguimos pra trilha para parnaioca. Mais uma trilha íngreme, depois que vc ta fdd de cansaço, mais as pernas precisa aguentar o tranco.
[dica]
Neste trecho em diante, recomendo uso de calça que não bermuda. Dois bastões, se tiver e puder, nunca é demais usar perneira (não vimos nenhum animal rasteiro durante toda viagem, mas, estamos no ambiente natural deles, cuidado demais, nunca é demais) se tiver e puder (eu não tinha). Uma boa bota que não escorregue (não recomendaria tênis no percurso adiante), mas fica a cargo do viajante.
Trecho com muitas teias de aranhas grandes, é bom ficar atento.
Quanto a trilha, vai sem desvios até Parnaioca, depois de 1h30 de caminhada sem parar, incluindo subida. (trilha fechada, terra batida com muitas folhas, mas fácil visualização do trilho, o tempo todo)
Chegamos na praia, fomos direto pro camping do Sr Silvio. Já que minha amiga estava morrendo de saudades do tiozinho. Gente boa, nos recebeu muito bem. Já nos liberou a barraca, montamos de imediato. Só então fomos tomar banho, passear na praia e apreciar o pôr do sol. (eu estava cansadaço, mas, a praia é tão bonita, que não tem como não conhece-la, não deitar numas das redes (repelente ajudou muito)
Voltamos pra jantar, já que preventivamente, minha amiga deu a brilhante ideia de comprarmos um miojo ainda em Provetá, pra fazermos no camping. Final perfeito pro meu dia, que as 20h00, não pude mais apreciar as historias do Sr Silvio, minha amiga e um casal de viajantes que estavam no camping, e, me retirei pra barraca.
Foto: João Oliveira |
Foto: João Oliveira |
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08/04/2014 – Parnaioca => Abraão ( Dois Rios X Caxadaço X Santo Antonio X Pouso X Palmas X Abraão)
Combinamos de acordar mais cedo que os dias anteriores, pois a pernada desse dia seria longa demais. Levaríamos umas 12 horas pra chegar em Abraão (isso se confirmou). Caminhando por pelo menos 9 horas neste dia.
Realmente é o trecho mais enjoado, em que você anda pela trilha fechada o tempo todo, pouco vê o mar ou ouve seu barulho, termina uma subida logo vem outra, além das curvas e desvios das arvores caídas, que insistiam em brindar nossa passagem. Algumas delas vc tem que passar de joelhos, arrastando no chão, ou pular, quando da. Isso só aumenta o desgaste físico. Fora a preocupação com animais peçonhentos. Não foram poucas as vezes que grudamos em teias de aranha no chapéu.
Até Dois Rios, apesar de longa, foi tranquilo.
Visitamos o presidio, fomos até a praia apenas para apreciar e conhecer, e, a ideia é que pararíamos em algum bar/boteco/birosca, etc ... para comer alguma coisa ( preferencialmente salgada)
Como era uma quarta feira, sem muito movimento no vilarejo, não me surpreendeu o fato de não ter nada aberto no horário em que chegamos.
Não queria mais saber de cereal, de energético, queria alguma outra coisa, pra comer, e, chegar em alguma outra vila que pudesse comprar alguma comida.
Eu não sabia ainda, mas, achava que Caxadaço, Santo Antônio, eram vilarejos, não são. então se não comesse alguma coisa em Dois Rios, só iriamos achar algo em Pouso / Palmas.
Para nossa sorte, vimos um velhinho vindo lentamente em nossa direção, e resolvemos aborda-lo, pra perguntar onde acharíamos alguma bodega aberta.
O velhinho foi muito solicito, preocupado com a gente, pediu para que esperássemos ali, que ele iria falar com a “cumadre” dele, que vende alguma coisa na praia, e que moradores estavam proibidos de atender turistas em casas.
Tratava-se do Sr Julio de Almeida em pessoa. Ex interno do presidio, que ainda reside na cidade, e que gosta de contar seus causos do passado com toda nostalgia.
Ele nos convidou a caminhar até a praia , pois sua “cumadre” estava preparando uns hot dogs pra vender por la, e que ela, atendendo nosso pedido, apressaria a preparar, mas só poderia nos vender na praia.
Obvio que seguimos o Sr Julio, tiramos fotos, conversamos bastante até a tao esperada chegada da Sra cumadre”” , com os lanches.
O marido da Sr “cumadre”, sr Jorge fez lá o pão com salsicha, e, o hot dog do Rio- RJ é diferente de SP, vc quem coloca os condimentos que quer, separado em vasilhas.
Foi a nossa salvação, eu comi logo dois, pra reforçar, e esquecer de vez minhas barrinhas.
Pagamos, claro, não foi nada de graça. Despedimos agradecendo a presteza e a atenção de todos, e rumamos para estrada sentido Abraão, mas que desviaríamos para Caxadaço.
Os guardinhas da cidade, insistiram que a trilha para Caxadaço estava fechada, e que não recomendavam que seguíssemos por essa trilha ( T15).
Minha amiga já tivera feito esta trilha por duas vezes, e, confirmou que iriamos sim por esse caminho, que não se preocupassem que ela já conhecia.
Então os guardinhas pediram nossos nomes para colocar numa prancheta, e, com destino Caxadaço e então partimos.
[dica]
Caxadaço é uma praia deserta, assim como Santo Antonio. Não há casas por perto, não há nada que te possa ajudar se precisar, além do que você estiver carregando. Por isso, atente-se no que precisa carregar, para comer ou beber, pois o trecho é longo pra caramba.
A trilha, como disse antes, é o trecho em que mais desvia, por motivos naturais. Nunca passei tanto debaixo de arvores como neste trecho.
Há um trecho, no meio da trilha, em que houve um deslizamento, ficando um monte de terra/arvores interrompendo a trilha, parecendo que o final dela é ali.
Mas, contornando um pouco, e voltando cuidadosamente para o outro lado, consegue –se visualizar a trilha novamente, no chão.
O problema desse pedaço, e de mais alguns mais a frente, é que há muita folhagem seca, e, percebe-se que alguns viajantes, em vez de contornar apenas e voltar pra cima, seguem mais pra frente, formando uma falsa trilha, que da em lugar algum tendo que voltar. Ai é que fica fácil se perder.
Tem mais pelo menos dois lugares pra frente que fica a duvida de qual é a trilha certa. Com muita atenção é possível pegar a correta e seguir em frente, num interminável desce sobe.
Chegamos a Caxadaço.
Lugar paradisíaco, muito lindo. Das pedras você visualiza a ilha de Jorge Greco, Lopez Mendes, e as montanhas. Muito perfeito.
Mais uma vez a vontade de entrar na agua pega forte, mas, tem que estar focado. Não vacilamos, mantivemos nosso proposito.
Ficamos por pelo menos uma hora, apreciando tanta beleza, e, seguimos para Santo Antônio.
A trilha para Santo Antônio, começa imediatamente atrás da placa de sinalização que tem em Caxadaço. Basta se manter a direita, subindo. Tem uma vala d’água, que já é os primeiros 2 metros da trilha.
É o trecho mais cansativo, e mais fácil de se perder, do que o anterior.
Novamente trilha íngreme, com muitas curvas curtas, e, com muitas entradas falsas, que os viajantes fazem para se aliviar , ou se perdem mesmo, não sei.
O fato é em que muitos trechos, tem umas fitinhas vermelhas, tintas branca, saquinhos amarrados nas arvores, que vão dando a correta direção da trilha que vai chegar em Santo Antônio.
É preciso bastante atenção, pois num segundo vc perde a direção de onde veio. Há inclusive novas aberturas de trilhas, que apenas contornam arvores, e voltam pra trilha certa. Mas ate você descobrir isso, da impressão que esta indo pro lugar errado.
Neste trecho, calça, luva, chapéu, bastão, tudo é essencial.
Foi o trecho em que as aranhas e formigas mais incomodaram. E também trecho em que a erosão está forte, e, a qualquer momento, pedaço da trilha vai desaparecer certamente.
( Então, muito cuidado se tiver dia de chuva durante este percurso, procure não parar muito )
Chegamos a bifurcação que leva a praia de Santo Antônio, Lopes Mendes e Pouso.
Deixamos nossas mochilas escondidas e fomos até a praia de Santo Antônio. Linda, com bastante turistas, e as pedras dão uma visão linda tanto do caminho por onde viemos, quando das praia ao redor. É linda toda a costa da praia de Lopes Mendes, que você contempla da pedra.
Devido ao nosso tempo curto, e o tanto que ainda andaríamos, não ficamos por muito tempo nesta praia.
Voltamos pra trilha, que agora era bem aberta, de uso comum, pegamos nossas mochilas, despedimos dos macaquinhos que se amontoavam na placa de sinalização atrás de comida, e seguimos pra Pouso.
Apenas passamos por Pouso, seguimos na trilha para Palmas, que também só passamos, e, finalmente pegamos a trilha fatídica que chega em Abraão. Isso, contado no relógio eram 18h00, quando chegamos no início da trilha.
Bebemos água, comemos algumas castanhas, já desgastados pelo cansaço, mas decididos a encarar a subida mais ferrada que peguei até o momento.
O Sol já não brilhava mais, e dava lugar a uma luz da meia Lua que pairava sobre nossas cabeças, e, até o meio da trilha, fomos no breu, silenciosos, apenas com iluminação natural da lua.
Minha amiga, muito guerreira, já não conseguia mais utilizar sua bota, que não tinha mais lugar para tanto esparadrapo, e, decidiu, acho que naquele momento, acertadamente, a colocar o chinelo, que aliviou um pouco suas dores.
Eu também estava com muitas dores nos pés , mas nada que me impedisse caminhar. Apenas o cansaço e a fadiga mesmo, que fez que uma trilha que na placa marcava 1h30, fosse feita em pouco mais de 2 horas.
Já no final, começávamos a conversar sobre muitas coisas, a dar risadas de tantas quedas, enfim ... acabamos colocando uma musica no celular, que foi escolhida como a trilha sonora da nossa trilha, temperado com a trilha noturna que acabamos fazendo, em meio aos 90Km percorridos até então: http://www.youtube.com/watch?v=rQUGkK4HuC8 (Revolution, The Cult).
Pra mim, pisar o pé em Abraão novamente foi um misto de alivio, alegria, e ainda não caia a ficha do que acabávamos de conquistar.
Pensar com dor é uma coisa, eu dizia inconscientemente, que demoraria muito para repetir esta volta.
Agora, a vontade é me programar novamente, com mais dias de parada, nos lugares mais legais que passei, e voltar a dar mais uma volta na ilha.
Quem sabe num futuro não tão distante.
Sr Julio de Almeida, ex interno do já desativado presidio de Dois Rios. |
Foto: João Oliveira |
Foto: João Oliveira |
Foto: João Oliveira |
Obrigado ao companheirismo da minha amiga Lili, que foi valente demais. Inteligente, e paciente quando necessário.
Aprendi muita coisa nestes 5 dias de convívio com ela (o 5 dia passamos em Abraão/ Abraaozinho descansando). Recebi muitas dicas, e vi como um trekking de verdade, sério, deve ser feito.
Aos meus amigos que lerão isso depois, eu digo. Obrigado pela força que me deram, e, no tanto que acreditaram. Foi um momento especial da minha vida que eu não vou esquecer tão cedo, ou melhor esquecerei jamais.
Foto: João Oliveira |
DICA:
Nunca é demais lembrar que num trekking deste, quanto menos peso carregar, melhor. Deixei muita coisa em Abraão, que inicialmente levaria no trajeto, como mais uma bermuda, mais uma camisa de trekking, meia, sunga, até um cantil adicional, etc ... que fizeram muita diferença pra mim.
Minha mochila ainda não é a ideal, mas foi suficiente para o que eu precisei.
A comida que levamos, deu a conta certa, pois basicamente era pro café da manha. Comida mesmo, apenas nas paradas, como no Bananal, Provetá e Parnaioca.
Levei um bermuda de ciclista, que usaria intercalada com minhas cuecas box, mas que foi essencial para que eu não ficasse com assaduras. Isso quase ocorreu no primeiro dia, por que resolvi me banhar numa bica dágua, e quase acabei com meu trekking ali. Então, já vou comprar mais duas bermudas iguais a de ciclista, que já resolve pra quantos dias forem necessários.
Minhas meias que comprei da quéchua funcionaram super bem, não tive uma bolha sequer, e, minha bota da Timberland só precisaria der de cano alto, que era minha intenção, mas funcionou bem, respirou super bem. Só não aderiu bem aos trechos de limo, mas aí, qualquer bota teria o mesmo escorregão que eu tive durante o trajeto. ( cai umas 3 vezes, de dar risada mesmo)
Minhas camisas de manga longa da quéchua, funcionaram, mas não fiquei satisfeito com a performance. Vou pesquisar que outro tipo de camisa terei que comprar para que o suor seque rápido, pois eu andei sem camisa bons trechos. Calor intenso, muita perda de líquidos me incomodaram.
Levei um protetor solar, protetor labial, repelente, não me arrependi.
Usei durante bom trecho luvas leves, que ajudaram a manejar o bastão sem escorregar ou machucar os dedos, foi interessante, já que não tinha o habito de andar com luvas.
Meu chapéu neste momento está no cesto de lixo. Me ajudou muito, mas, esquentava muito também. To pronto pra comprar outro mais eficiente.
Óculos escuros são essenciais nos trechos de faixa de areia.
E finalmente, acho, aquelas dicas que li em muitos blogs antes da viagem, sobre levar castanha, banana passa, uva passa, nozes, tâmara, balas de goma, barrinhas de cereais, leite em pó, açaí em pó, pó de guaraná, foram todas bem vindas, claro, na dose certa.
É isso pessoal.
Feliz por ter feito esta trilha, e mais feliz de poder compartilhar com todos.
Boa sorte pra quem for encarar este trekking.
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